O poeta Rainer Maria Rilke nasceu depois da morte de uma irmã,ainda bebê, um ano antes. Sua mãe lhe deu o nome de René (ambíguo sexualmente), que só foi mudado depois que ele conheceu Lou Andreas-Salomé. No livro de suas obras seletas traduzido por Stephen Mitchell, descobrimos que foi criado como menina, vestido com roupas femininas e era chamado de "Miss" pela mãe. Nunca teve a presença do pai em sua vida. É dele este poema. "Retrato de meu pai como um homem jovem": Nos olhos, sonho. Em volta dos lábios, grande frescor - sedutor - e nenhum sorriso. Sob camadas de fitas do esgio uniforme de oficial do Imperador: a bainha do sabre. Mãos cruzadas sobre ela, paradas, calmas e quase invisíveis agora, como se fossem as primeiras a ganhar distância e se dissolverem. E tudo tão fechado em si mesmo, tão nebuloso, que não posso entender sua figura emquanto se dissolve no cenário -
Onde anda o pai na cultura, nas famílias? Onde anda o pai biológico do assassino do Rio? Os meninos que mais tarde se transformam em assassinos, segundo Winnicott, foram quase todos, quando bebês, como nós, indefesos e frágeis. O pai deve existir não só para conceber, mas para educar, criar limites amorosos, mas firmes. Proteger mulher e filhos. É isso o que estamos vendo hoje?
